O caso clínico deste mês é de uma senhora de 64 anos que procurou atendimento devido a um quadro de dor lombar com irradiação para a perna esquerda, iniciado há um mês. A paciente, inicialmente, tentou por conta própria o uso de diversos medicamentos, mas sem obter alívio. Com o quadro persistente, ela procurou o consultório para uma avaliação mais detalhada. Após uma ressonância de coluna lombar, o diagnóstico foi confirmado: um cisto sinovial entre as vértebras L4 e L5.
Ressonância nuclear magnética evidenciando cisto sinovial (seta vermelha).
O que é um Cisto Sinovial?
O cisto sinovial é uma lesão benigna, geralmente de origem articular, que se forma a partir da articulação facetária da coluna vertebral. Essa articulação está localizada entre as vértebras e tem a função de proporcionar movimento entre elas. Em alguns casos, como o da nossa paciente, ocorre o acúmulo de líquido sinovial (um fluido lubrificante das articulações) na cápsula articular, formando um cisto. Esses cistos são mais comuns em pacientes idosos e estão frequentemente associados à degeneração da coluna, como a osteoartrite ou a instabilidade das articulações facetárias.
Como o Cisto Sinovial se Forma?
O cisto sinovial geralmente se forma devido a alterações degenerativas na articulação facetária. Com o envelhecimento, a cartilagem da articulação pode sofrer desgaste, levando a uma produção excessiva de líquido sinovial. Esse fluido, então, pode se acumular e formar um cisto. Com o tempo, o cisto pode aumentar de tamanho e pressionar as estruturas nervosas ao redor, como raízes nervosas da coluna, o que pode causar dor e outros sintomas neurológicos, como a irradiação da dor para membros inferiores (“dor no ciático”), como ocorreu com nossa paciente.
Características e Sintomas
Os cistos sinoviais podem não causar sintomas nas fases iniciais, mas, à medida que crescem, podem comprimir as estruturas nervosas adjacentes. Isso pode resultar em dor lombar irradiando para as pernas, formigamento, fraqueza e até mesmo limitações de movimento.
No caso da nossa paciente, o quadro de dor lombar irradiando para a perna esquerda foi persistente, sem alívio com analgésicos convencionais. Esse é um sintoma clássico de compressão de nervos, um dos principais efeitos adversos do cisto.
Tratamento Conservador
O tratamento inicial para cistos sinoviais é conservador. Isso inclui repouso, fisioterapia e o uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. No entanto, quando o tratamento conservador não traz alívio, como foi o caso da paciente, a cirurgia pode ser necessária.
Tratamento Cirúrgico
Em casos em que o tratamento conservador não é eficaz, a remoção do cisto sinovial é indicada. Tradicionalmente, essa cirurgia poderia envolver uma abordagem aberta, com incisão significativa e tempo de recuperação prolongado. No entanto, para nossa paciente, optamos por uma abordagem mais moderna e menos invasiva: a endoscopia de coluna.
A endoscopia de coluna permite que o cisto seja retirado com uma incisão mínima, utilizando um pequeno dispositivo endoscópico.
Este procedimento apresenta várias vantagens, incluindo menor dor pós-operatória, menor risco de complicações e uma recuperação muito mais rápida para o paciente.
Resultado final da cirurgia com nervo totalmente livre e descomprimido.
Resultado do Procedimento
A cirurgia foi realizada de forma bem-sucedida, com remoção completa do cisto sinovial. O uso da técnica endoscópica permitiu que a paciente tivesse alta no mesmo dia, sem dor pós-operatória significativa. Ela foi capaz de caminhar normalmente logo após o procedimento, uma demonstração clara da eficácia da técnica minimamente invasiva.
Cicatriz discreta medindo cerca de 1 cm.
Cisto removido.
Conclusão
Este caso ilustra como os cistos sinoviais podem ser uma causa significativa de dor lombar com irradiação para as pernas, especialmente em pacientes idosos. O diagnóstico precoce, aliado ao tratamento adequado, pode fazer toda a diferença na qualidade de vida do paciente. A escolha da endoscopia de coluna como tratamento foi fundamental para um desfecho rápido e satisfatório, permitindo que a paciente voltasse às suas atividades cotidianas sem dor.
Em casos como o da nossa paciente, é crucial uma avaliação cuidadosa e uma abordagem personalizada para garantir o melhor resultado possível para o paciente.
*Todas as informações em questão foram cedidas e previamente autorizadas pela paciente. Os registros têm caráter educativo e estão em conformidade com a especialização do médico.
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